6 de dez. de 2015

One for one.

Oi, meu nome é Fernanda, tenho 22 anos e luto contra a depressão.

Maria luta pra sustentar seus filhos com um salário mínimo. José é aposentado e luta pra manter sua própria saúde com os hospitais precários de sua cidade. Joana luta com o preconceito de ser uma negra pobre do interior tentando vencer na vida. Todos lutam por algo na vida, contra algo. E todas as batalhas são importantes. Todas as vidas são importantes. Mas hoje, em específico, vou falar da minha luta.

Dentre tantas outras enfrentadas pelos brasileiros ou pelos seres humanos ao redor do mundo, a minha pode parecer pequena. Mas não é.

Essa é a questão na verdade. Poucas pessoas realmente entendem o que é estar em depressão. É uma doença que se luta sozinha contra si mesma, que dura 24h de um dia de 7 dias de uma semana. Terapia ajuda? Sim, claro. Remédios? No meu caso não muito, mas no de outras pessoas ajuda sim. Mas nada realmente importa de você não quer. E é difícil querer.

É difícil ter forças para levantar da cama, ou pra sair de casa e ver a luz do dia, falar com alguém é um suplício e ter que fazer coisas cotidianas como comer ou tomar banho são exaustivas. Sobreviver é uma arte que a depressão nos tira. E é preciso de muito apoio psicológico pra se reerguer. Apoio esse que não é fácil de se encontrar, ou mesmo de se pedir. "Você tem que sair dessa" ou "tá precisando passear" são frases ditas frequentemente por pessoas que não entendem que o que realmente precisamos é de um ouvido amigo e um abraço amoroso.

Precisamos de alguém que não queira sorrisos falsos ou palavras vazias. Somos bons nisso. Em ocultar nossos verdadeiros sentimentos. Nós depressivos queremos alguém real, alguém que diga que vai dar tudo certo e que nos ajude a dar certo. Alguém que desanuvie o nosso cérebro e faça viver ser mais fácil. Nos distraia de nos mesmos.

Temos dias bons, sim. Mas eles dificultam os dias difíceis, nos quais comparamos a vida de todos com as nossas e todas parecem tão melhores.

Suicídio aparece sim na nossa mente e parece uma solução óbvia para o problema de achamos ser e lutar contra essa ideia é um desafio.

Um dia de cada vez. Uma hora de cada vez. Tentando lembrar do que nos faz feliz, tentando ser alguém que sabe que sua vida vale a pena.

E mais um dia se passa. Mais uma inspiração para as próximas 24 horas.

Oi, meu nome é Fernanda, tenho 22 anos. E eu sou depressiva. Mas a depressão não sou eu.

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