7 de abr. de 2016

Eu sou o depois

Eu sou o depois... o "depois te ligo", "depois conversamos".
Eu sou o depois... o "vamos marcar um dia" ou "vamos ver".
Eu sou o depois... o "depois te falo", "mais tarde vemos isso", "depois te explico".

Eu sou o depois... o "meu carro quebrou", "lembrei que tinha médico".
Eu sou o depois... o "chegou visita", "fui ajudar o vizinho".
Eu sou o depois... o "está chovendo", "posso deixar pra amanhã?"

Eu sou o depois... "depois te vejo", "depois te olho", "depois te noto".
Eu sou o depois... o "depois te amo".

Estou cansada de tantas desculpas, de nunca ser prioridade pra ninguém...
De praticamente implorar por amizades ou por encontros, que demoram meses para acontecer.
De correr atrás quando ninguém corre atrás de mim.
De lembrar, mas nunca ser lembrada.
De conversar sozinha, rir sozinha e principalmente chorar sozinha.
Porque, para uma imediatista como eu, que sempre dou um jeito de fazer tudo ao mesmo tempo, o depois é quase uma eternidade.

Estou cansada de escutar e não ser ouvida quando preciso.
De auxiliar nas crises e nunca ter ninguém pra fazer o mesmo por mim.
De oferecer um abraço e um ombro amigo, e nunca ter um cafuné em retorno.
De dar palavras e só receber silêncio.
Ou mesmo de oferecer meu silêncio e só receber o vazio.

Eu sou sempre o depois...
Então depois eu vivo.

1 de abr. de 2016

Primeiro de Abril

Eu odeio primeiro de abril.

Por ser dia da mentira, todo mundo acha que pode pregar peças e tudo bem, porque é o dia da mentira!
Mas não devia ser assim...

Quando se vive numa mentira constante, você sabe o quão prejudicial isso pode ser, o quanto pode magoar e o quanto pode te levar tão mais ao fundo que você nem sabia que poderia ir.

Não estou falando dessas que são engraçadinhas, como a que a Netflix fez falando que estaria disponibilizando Game Of  Thrones. Não, isso tá ok. É legal: "poxa, como foi burra!". Tô falando das que podem gerar real oscilação de humor.

"Descobri que tô grávida."
"Vou me mudar pro Canadá"
"Terminei o namoro"

Eu vivo numa constante oscilação e já me é difícil controlar sem a paranóia de não saber se o ocorrido é ou não verídico. E dessa vez eu fiquei magoada. Sei que não vai durar... amanhã já estou com novos pensamentos na mente e deixarei isso pra lá.

Mas quantas vezes vou ainda suportar ser magoada assim?

Eu não fiquei feliz pelo término, eu só tive esperanças... de poder voltar a ligar a qualquer momento, de ter abraços mais constantes, de poder voltar a fazer parte da vida, de ter alguma coisa de volta quando tudo simplesmente vai embora. Eu nunca ficaria feliz por uma pessoa essencial na vida dele sair.. ainda mais porque seria um conjunto de pessoas saindo da vida dele. Eu fiquei preocupada com as mudanças que se seguiriam na rotina...

Mas por algumas horas eu voltei a ter esperanças. E tê-las arrancadas de mim doeu mais do que eu tenho coragem de admitir. Mas é primeiro de abril, tá tudo bem.

E essa é a maior mentira, que eu conto todos os dias. Tá tudo bem. E todos acreditam, afinal, nem todo dia é Primeiro de Abril.