12 de nov. de 2015

Invisible girl

Hoje está sendo um dos bons dias. Eles não são muito frequentes.
Mas também não quer dizer que sejam bons. Acho que está meio confuso.

Um "dia bom" ultimamente tem sido aqueles em que consigo passar sem sentir o vazio que está no meu coração, um dia adormecido. Claro que passei o dia inteiro sendo distraída por séries vazias de sentido, me deixando levar por problemas fictícios, porque os meus são muito difíceis de lidar. 

Pelo menos pra mim é muito difícil.

Nos dias ruins eu não tenho racionalidade alguma, meus pensamentos são autodestrutivos e eu só sinto dor. Uma dor que não se vai. Mas não é física. São esses pensamentos que ficam indo e vindo e sendo analisados da pior forma possível, como se nada na minha vida fosse nunca mais dar certo.

E aí eu estou sozinha no meu caos. Não tenho com quem falar, porque perdi todos os meus amigos. Ou os que eu ainda tenho têm seus próprios problemas para lidar... ou simplesmente não entendem.

Acho que é difícil de entender quando não se está no meu cérebro, mas pra mim está tudo desmoronando. Eu sempre valorizei muito mais minha carreira do que minhas relações pessoais, porque eu sou boa na primeira opção e péssima na segunda. Sempre tive azar no jogo e no amor, mas sempre fui boa na razão, no controle.

Mas esse ano foi diferente. Eu decidi viver. E eu posso dizer que foi um dos melhores anos da minha vida. Pude me deixar levar pelos meus sentimentos, tomar decisões que eu jamais tomaria racionalmente, não resistir aos impulsos... e ser feliz. Finalmente os três aspectos principais da minha vida estavam certos. 

Eu estava bem no trabalho. Eu tinha amigos. E eu estava apaixonada.

Mas aí tudo desmoronou mês passado. E agora nada está certo. Tudo virou uma bola de neve tão grande que veio destruindo tudo pela frente. 

Se me arrependo? Não. Não posso me arrepender de algo que me fez tão bem, e o suposto erro que desmoronou tudo sequer foi cometido. Meu erro talvez tenha sido não ter tomado ações quando necessário. Deixei os rumores crescerem de forma que não teve como voltar atrás. Mas tudo bem.
E com isso destrói meu castelo no trabalho.

Consequentemente os amigos somem. Ficam os verdadeiros, é o que todos dizem. Mas não te falam quão doloroso é saber quem são os verdadeiros. Porque, na verdade, não sobrou quase ninguém. Os que sobraram podem ser contatos nos dedos... de uma só mão.

Mas não acabou por aí. Todo mundo que me conhece bem sabe que sou "workaholic" - ou seja, eu sou viciada em trabalho. Ficar em casa fazendo nada me irrita, me estressa, me entedia. E então eu cometi um erro, contei coisas que eu sabia que não deveria contar pra uma pessoa. E ela me julgou, como eu sabia que julgaria. Mas no momento errado. E então, eu, que já estava instável, me deixei enfraquecer ainda mais, e não fui capaz de vestir minha máscara de "está tudo bem". E com isso, eu não só perdi um dos meus amigos, mas um dos meus melhores. 

Porque é isso. Sim, se eu sou apaixonada por ele? Muito. Eu o amo.

Mas o que eu sinto falta é do sorriso, dos abraços, das músicas inventadas, das cantorias aleatórias, das músicas ruins no carro, ou das visitas surpresas. Sinto falta de ser acordada com uma imagem idiota de 'bom dia' ou bombardeada com várias fotos dele pra minha coleção no celular. Sinto falta do perfume ou da cara dele quando faço algo errado. Sinto falta das ligações de 40 min ou do "me avisa quando chegar em casa" ou ainda do "vai comigo hoje? Mas vou sair cedo, hein". De ser o único número que eu lembro de cabeça quando algo acontece. Ou de apenas receber um "tô vivo" a cada hora.

Eu estraguei tudo de uma só vez. E agora eu tô invisível. Pois é, ninguém consegue ver que eu preciso de ajuda. Eu realmente preciso que alguém olhe pra mim, me abrace e diga que vai dar tudo certo. E me ajude a dar tudo certo. Porque agora tudo o que eu vejo são trevas, são vazios, são dores. 
E hoje eu tô bem, mas isso só me faz ver o quanto me assusta os dias que estou mal.

Quanto eu tô mal, todas as conversas que ocasionaram esses acontecimentos ou que foram ocasionadas por eles ficam retornando... e ferem. Direto no meu coração.

Não posso dizer que não tentei. Eu tô tentando. Mas já estou ficando sem recursos e utilizando os mesmos várias e várias vezes. E nada me tira dessa capa de invisibilidade. Mas o pior de tudo... é que eu sequer tenho vontade de tirá-la.

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