19 de mar. de 2016

Sempre fui uma pessoa intelectualizada. Quando criança, na escola, competia com quem quer que fosse para ser a melhor da turma, e quando o era, não me satisfazia e queria ser a melhor da escola, competindo inclusive com pessoas das classes mais altas.

Até mesmo nas matérias em que sou fraca: história, geografia... esse tipo de coisa. E às vezes acabava sendo soberba, por achar que sabia demais e os outros de menos. 

Meus sonhos consistiam em viajar pelo mundo sozinha conhecendo novos lugares e me divertindo. Sempre amei leitura, e filmes... Já li e vi muito sobre o amor, sobre sentimentos, sobre saudade. E achava saber sobre isso. Eu sinto falta de coisas, de pessoas. Sinto falta do meu tempo no Taekwondo, das brincadeiras de criança, das aulas, dos professores... Mas só aos 22 anos descobri que "sentir falta" não é o  mesmo que "sentir saudade". E isso não se ensina em nenhum dos milhares de livros que eu já li.

Isso eu nunca senti antes.

Ao sentir cheiros ou ver fotos meu coração dói. Andar na rua e ver um Siena traz ao mesmo tempo um conforto e uma dor dilacerante, é uma decepção frequente se reparar na quantidade de carros desse tipo que têm na rua. É a primeira pessoa ao qual eu falo, mesmo que à distância, com um simples "bom dia", mas que torna o meu dia mais reconfortante. É a última que falo também, sem esperar por resposta pois geralmente é tarde, mas o meu "boa noite, fica com Deus" estará ali. Deus. Você me trouxe uma proximidade com Ele que nunca tive antes... justamente com todo meu lado intelecto, eu não tinha tempo para ter fé. E eu aprendi... não só a ter fé em Deus, mas fé nas pessoas também.

Eu passo meus dias todos iguais. Uma rotina destrutiva, que consiste em fazer nada. Afinal, ver filme, série e escrever não é nada. É só um método de passar o tempo. Todas as noites eu penso que o próximo dia será diferente... uma das empresas que enviei meu currículo vai me ligar, eu vou voltar a fazer as coisas que eu gosto, eu vou...sei lá, levantar com disposição pra ir na rua e caminhar. Qualquer coisa. Mas nada acontece.

Todas as noites eu fico até 3h ou 4h da manhã chorando... porque só na madrugada eu posso extrair o que eu camuflo todos os dias. E eu sei que chorar não vai adiantar nada, e que não se deve ter autopiedade... mas é assim que funciona. Eu escuto as vozes de todos os meus "amigos" e me sinto cada vez menor. Quero ser alguém que me orgulhe de ser, mas sou fraca e demonstro isso cada vez mais.

E às vezes me autodeprecio, não por querer, mas por não conseguir calar essa voz interior.
Eu escuto sua voz dizendo coisas que me falou anteriormente e penso que isso foi praticamente em outra vida. Eu agora vejo meus momentos felizes com dor.

Como uma vez em que me mandou uma mensagem de voz no whatsapp tão fofa falando do meu trabalho e eu mostrei pra todo mundo porque nunca tive tanto orgulho na vida.

Ou da outra vez em que me falou que às vezes estava sem fazer nada e olhava minha última visualização no whatsapp só pra me perturbar. (e devo confessar que hoje em dia eu abro o whatsapp e o imo só pra alterar esse maldito horário, na esperança de que esteja sem fazer nada rs)

Ou daquela outra ainda em que me ligou e disse, nessas exatas palavras, e consigo até escutar sua voz: "Posso te falar uma coisa? Mas do fundo mesmo do meu coração?" E quando concordei, você disse: "Eu te amo". E essa foi a primeira vez que alguém, que não seja meu pai e minha mãe, disse isso pra mim. E eu nunca contei isso, mas eu chorei o dia inteiro depois isso. Mas de felicidade, porque foi a primeira vez que alguém enxergou em mim além do que eu demonstro.

Porque toda essa camada de "não ligo" é uma grande máscara. E essas são palavras que eu nunca tinha ouvido... ou dito antes. Pra ninguém. Ninguém mesmo.

E com essas lembranças vêm várias outras. Almoços, voltas pra casa, ligações, risadas, broncas, brincadeiras, brigas... e tudo que ficou distante. E eu sinto medo de tudo indo embora. Tenho medo de não te ter mais na minha vida.

Eu tenho tanto orgulho de você... da sua história, da sua forma de ver a vida. E o que eu mais desejo no mundo é te ver feliz. É poder ajudar a alcançar seus objetivos, a poder te ouvir quanto quiser conversar, ou só dar um abraço quando palavras não forem suficientes, a te fazer rir com os meus desastres ou com os piores conselhos do mundo.

Eu sei que já disse muitas vezes, mas nunca parece ser o suficiente. Você é a melhor pessoa que apareceu na minha vida nos últimos 22 anos e me mudou mais do que eu tenho coragem de admitir. E quando eu tenho meus pensamentos ruins uma das poucas vozes boas que eu escuto na minha mente é a sua dizendo: "AAA PARA DE PALHAÇADA. RECRIMINA ISSO"

Me desculpa por todas as vezes que disse o que não devia, ou por falar nos piores momentos possíveis. Eu sou assim mesmo rs

E se tem coisas que eu nunca vou me arrepender na vida são: ter ido trabalhar no feriado, ter ido almoçar com um certo menino da recepção e brigar com minha chefe pra ser amiga desse tal menino.
Eu brigaria com o mundo por ti, pela tua felicidade.

Você é meu melhor amigo, e nada do que eu faça vai chegar nem na metade do que o que fez por mim. E eu sei que não sou a melhor amiga do mundo, e nunca vou ser, e que muita das vezes eu não posso ajudar, mas eu sempre vou estar aqui.

24h por dia. 7 dias na semana. 365 dias no ano e +1 a cada 4.

Ah, e aqueles sonhos de viajar sozinha conhecendo o mundo? Pra quê, se eu posso ter o mundo bem aqui?

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